domingo, 10 de abril de 2011

Como o diabético deve se alimentar durante a Páscoa?



Ninguém questiona que a Páscoa é um período de grandes tentações gastronômicas, só perdendo em "quantidade de provocações" para o período de Natal. Além do chocolate, presente nos ovos das mais variadas combinações, sabores, tamanhos e procedências, ainda vêm os bolos de época e os almoços fartos e tentadores do domingo.

Como é que o diabético pode, sem deixar de aproveitar as delícias, passar por esse período sem transtornos? A resposta está na entrevista da nutricionista Isabela Pimentel, do Hospital do Coração de São Paulo, que dá algumas dicas sobre como comer chocolates e guloseimas e manter a glicemia em ordem.

Isabela Pimentel - "Como os ovos de Páscoa são presenteados no domingo, o indicado é que a pessoa procure fazer nesse dia uma alimentação equilibrada. Não é aconselhável procurar compensar o excesso do domingo com uma dieta mais restritiva um dia antes ou um dia depois, porque isso pode levar a uma descompensação. Por isso, no próprio domingo o diabético deve procurar ter refeições menos ricas em gordura do que o usual, uma vez que a gordura está presente no chocolate.

Tradicionalmente, em nossa cultura, evitamos a carne vermelha apenas na sexta-feira santa e, no domingo, o almoço costuma ter massas ou até mesmo transformar-se num churrasco. Quem for comer ovos de Páscoa, porém, deve preferencialmente se alimentar de carne branca no domingo e acompanhá-la com um prato bem variado e colorido de salada com verduras e legumes crus: alface, rúcula, tomate, cenoura ralada, rabanete, pepino. Além de ajudar no equilíbrio da alimentação, o prato é bonito e motiva a pessoa a ter uma boa refeição.

Também é aconselhável que se compense o consumo de chocolate com menor ingestão de carboidratos, para que haja menos impacto sobre o peso e sobre a glicemia. Por isso, batatas, risotos e massas devem ser preferencialmente evitados ou consumidos em pequena quantidade.

Com essas precauções, é possível comer os tão tentadores ovos de Páscoa sem culpa. Nesse quesito, o aconselhável é mesmo optar pelos produtos dietéticos. Ao contrário do que se pensa, nem todos os chocolates dietéticos contêm mais gordura do que os produtos tradicionais. O segredo é ver na embalagem e comparar, optando por aqueles que contêm menor quantidade de gordura. Não vale trocar pelo chocolate amargo tradicional, porque mesmo sendo amargos eles têm açúcar em sua composição e seu consumo só pode ser feito se a pessoa tiver sua alimentação baseada na contagem de carboidratos.

Recomendo que o consumo do ovo de Páscoa seja feito de preferência como sobremesa, depois de uma refeição rica em fibras, porque isso retarda a absorção da gordura. E cuidado com as quantidades. Não se deve abusar. O indicado é consumir apenas 30 gramas de cada vez. O que sobrar deve ser guardado para outros dias, procurando comer em dias alternados".


terça-feira, 5 de abril de 2011

INFECÇÃO URINÁRIA

A infecção do trato urinário (ITU) constitui uma das principais causas de consulta na pratica médica, só perdendo para as infecções respiratórias.

A ITU é a presença de microorganismos em alguma parte do trato urinário.Quando acomete os rins, chamamos de pielonefrite, quando é a bexiga, chamamos de cistite, na uretra é a uretrite, e quando acomete a próstata, denominamos prostatite.

A ITU pode acometer indivíduos de qualquer idade e sexo, mas é extremamente mais comum entre as mulheres. Isso se deve provavelmente a fatores anatômicos.Na mulher a saída da uretra é bem próxima a entrada da vagina, onde sabe-se que a mulher abriga diversos microorganismos que compõem a flora vaginal.Outro fator importante é que a uretra feminina é bem menor que a masculina, o que favorece o caminho das bactérias desde a entrada da uretra até a bexiga.Essa relação se inverte no primeiro ano de vida quando é mais comum nos meninos.

A infecção urinária ocorre principalmente quando os microorganismos, na maioria dos casos bactérias, sobem pela uretra e atingem a bexiga, os ureteres e os rins. A bactéria Escherichia coli, representa 80 – 95% dos invasores infectantes do trato urinário.

Normalmente, a urina não apresenta nenhum microorganismo, ela é estéril. A presença de qualquer microorganismo na urina pode levar ao desenvolvimento de ITU.

Um fator de extrema importância no desenvolvimento da ITU é a estase urinária.Isso acontece quando há uma dificuldade de esvaziamento da bexiga e a urina fica acumulada por muito tempo.Isso favorece a proliferação de bactérias na urina, levando ao desenvolvimento de infecção.

Alguns fatores aumentam a chance de desenvolvimento de ITU , por facilitarem a proliferação das bactérias e ao acesso das mesmas ao sistema urinário. São eles: doenças sexualmente transmissíveis e infecções ginecológicas; sexo feminino; hábitos de higiene inadequados; gravidez(há uma diminuição das defesas da mulher,além disso, durante a gestação há um aumento da progesterona- um dos hormônios femininos o que causa um relaxamento maior da bexiga e favorece a estase urinária); diabetes; corpos estranhos(sondas,cálculos renal ); doenças neurológicas(interferem com os mecanismos de esvaziamento da bexiga favorecendo a estase de urina, etc..

O ato de urinar é voluntário e indolor. A presença de alguns sintomas associados ao ato de urinar leva o médico a pensar em infecção do trato urinário. São eles: dor ao urinar; ardência na uretra durante a micção; urgência miccional(quando a pessoa sente uma vontade súbita de urinar); ato de urinar várias vezes ao dia e em pequenas quantidades; urina com mal cheiro, de cor opaca; pode haver eliminação de sangue na urina, que fica avermelhada; etc..

Esses sintomas formam um conjunto de dados que permite ao médico suspeitar que o paciente esteja com infecção urinária.

Quando o rim é atingido, o paciente apresenta além dos sintomas anteriores, calafrios, febre e dor lombar ( dor nas costas ) podendo algumas vezes, ocorrer cólicas abdominais, náuseas e vômitos

A presença dos sinais e sintomas de ITU obriga o médico a solicitar um exame comum de urina e uma urocultura com antibiograma. Para isso, é muito importante que a coleta de uma amostra de urina seja feita sem contaminação(usando sempre frasco estéril fornecido pelo laboratório).A contaminação, geralmente, é de microorganismo da uretra, da região perianal, ou das mãos que manuseiam os frascos esterilizados, por isso recomenda-se fazer uma boa assepsia para a coleta da urina.

Há quatro métodos de coleta: jato urinário médio ,coletor urinário,sondagem e punção da bexiga. O medico deve decidir qual é o melhor para o seu paciente.

A maioria das coletas é feita pelo jato médio da primeira urina da manhã, após uma higienização bem feita da região uretral. O jato médio é o jato urinário colhido após ter sido desprezada a primeira porção da urina , que poderia estar contaminada por microorganismo da uretra.

O exame comum de urina, no caso de ITU, apresenta bactérias e grande quantidade de leucócitos ( glóbulos brancos ), predominando sobre os eritrócitos ( glóbulos vermelhos ) no sedimento urinário .

O exame de cultura de urina na ITU mostra um crescimento de bactérias superior a 100.000 microorganismos por mililitro de urina .Essa quantidade de bactérias permite o diagnóstico de infecção urinária em mais de 95% dos casos , desde que não tenha havido contaminação.Algumas vezes, em certas situações, um numero menor de bactérias, também pode significar ITU.

O tratamento da ITU é feito com antibióticos, escolhidos de preferência após os resultados da cultura de urina. É importante que se faça o tratamento durante todo o período prescrito pelo médico, para evitar a recorrência do quadro e o microorganismo desenvolva resistência ao medicamento.

Algumas atitudes são de extrema importância na prevenção da ITU, como: Ingerir bastante água, pelo menos dois litros por dia, isso contribui para a formação de um maior volume de urina e a eliminação de eventuais bactérias; urinar sempre que tiver vontade,evitar ficar segurando a urina prolongadamente; as mulheres devem ter cuidados especiais com sua higiene após urinar ou defecar, usando papel higiênico sempre com movimento de frente para trás,nunca o contrário, porque pode levar microorganismos da região anal para a vagina e uretra, aumentando o risco de infecções; urinar após relação sexual; evitar o uso indiscriminados de antibióticos, sem indicação médica.

Dr. José Eduardo Afonso
Biomédico responsável pelo Laboratório Vitalis
CRBM 5244