Brasil terá açúcar que não engorda e poderá ser consumido por diabéticos
Ele não engorda, não provoca cáries e
pode ser usado por diabéticos. É o açúcar FOS (sigla para
fruto-oligossacarídeos), que passará a ser fabricado no Brasil graças a um novo
modo de fabricação, desenvolvido por uma pesquisadora da Universidade de Campinas
(Unicamp).
O açúcar FOS não engorda porque sua
molécula é muito grande para ser quebrada pelo organismo. Ele é absorvido
apenas pelos micro-organismos que vivem na parte final do intestino, daí seu
papel probiótico. Ao ingerirem o açúcar, esses organismos crescem e ajudam no
tratamento de algumas enfermidades, como problemas de absorção de cálcio,
diabetes e câncer. Por causa do seu tamanho, o FOS também não consegue ser
metabolizado pelos organismos que ficam alojados na boca e que causam a cárie e
as placas dentárias.
Açúcar saudável: o produto criado pela
Unicamp não engorda porque é formado por uma molécula grande que não pode ser
degradada pelo organismo (Antoninho Perri / Divulgação)
O FOS já é conhecido e usado com maior
frequência em países do hemisfério norte, inclusive em produtos voltados para
diabéticos. No Brasil, seu consumo ainda é restrito. De acordo com Elizama
Aguiar de Oliveira, da Faculdade deEngenharia de Alimentos da Unicamp e autora
do estudo, é possível encontrar no Brasil alguns produtos que já contenham FOS.
A variabilidade, no entanto, é pequena em função dos custos. Uma lata de leite
em pó com FOS, por exemplo, tem preços entre 20 reais e 40 reais. "Se
produzido nacionalmente, esses custos podem ser reduzidos", diz.
Tecnologia nacional — A metodologia
desenvolvida por Elizama emprega uma liga de nióbio (um minério usado em alguns
tipos de aços inoxidáveis) e de grafite para imobilizar a enzima que irá
produzir o açúcar. Imobilizando a enzima nesse minério, evita-se que ela se
dissolva e o resultado obtido é um xarope rico em oligossacarídeos, sacarose,
frutose e glicose. Em seguida é feita a purificação, na qual os subprodutos são
separados e os oligossacarídeos são encaminhados para o setor industrial,
quando vários produtos com FOS poderão ser processados – como chicletes, balas,
sorvetes e pães.
"Não existe contraindicação, o
único cuidado é evitar o exagero no consumo, que pode causar cólicas e
diarreias", diz Elizama. Segundo a pesquisadora, alguns estudos estimam
que o ideal será um consumo máximo de 6 a 10 gramas do FOS por dia. "Mas
essa quantia varia muito, depende da maneira que o organismo da pessoa responde
ao produto", diz.
Matéria-prima — De acordo com a
engenheira, mesmo com a riqueza de matéria-prima para o FOS no país, eles são
pouco processados no Brasil. A maioria do que é hoje comercializado vem da
Europa, do Japão e dos Estados Unidos, regiões onde os fruto-oligossacarídeos
são ingeridos de maneira mais variada. Nesses lugares, ele é empregado em
produtos como chicletes, sorvetes, biscoitos, doces, sucos e na linha de
alimentação infantil e animal.
Saiba mais
Nióbio
Minério usado em alguns tipos de aços
inoxidáveis. O Brasil é o maior produtor desse minério no mundo. As suas
jazidas estão mais concentradas no estado de Minas Gerais, na Companhia
Brasileira de Metalurgia e Mineração, próxima da região de Araxá, e no Estado
do Rio de Janeiro, na Companhia Fluminense.
FOS
O esse tipo de açúcar é um
fruto-oligossacarídeo, que não consegue ser metabolizado pelos seres humanos,
como acontece com o açúcar comum, por ser formado por uma molécula muito grande
e que precisa ser quebrada em partículas menores com enzimas específicas, não
existentes no organismo humano. Os FOS não são tão doces quanto o açúcar de
mesa (têm cerca de 60% da doçura da sacarose), porém são mais finos e mais
brancos.
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