Entrevista com a psicóloga Sônia Maulais, do Ambulatório de Diabetes tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte
O segundo semestre de aulas começou e, junto com as novidades que toda criança traz após as férias, uma em particular preocupa você: seu filho foi diagnosticado diabético e suas rotinas começam a mudar. O que dizer na escola, como orientar o professor para lidar com eventualidades, enfim, como agir para que a criança tenha um ambiente seguro? Veja as dicas.
Sônia Maulais - "A responsabilidade do tratamento de uma criança é sempre dos pais e por isso são eles que devem abrir um canal de entendimento com a escola, local onde a criança vai passar muitas horas do seu dia e, portanto, estará sujeita a imprevistos nesse ambiente.
O primeiro passo é localizar a pessoa mais apta ou habilitada para receber as informações técnicas do tratamento: se a escola dispõe de um enfermeiro, os cuidados e eventual supervisão ficam mais fáceis. De qualquer forma, os pais devem conversar com o diretor e o professor da criança.
A escola precisa saber que a criança diabética tem vida normal e pode participar de todas as atividades, apenas com a observação de alguns cuidados. Ela não deve ser tratada de forma diferenciada em relação aos colegas, porque isso não seria bom do ponto de vista emocional. Embora o professor precise ficar atento a eventuais sintomas de hipoglicemia, por exemplo, isso não significa que essa criança precise ser superprotegida. Ela, como as demais, precisa ter espaço para fazer escolhas, aprender e crescer.
Em geral, os professores ficam receosos a princípio, mas tendo informação sobre diabetes, eles aos poucos ficam mais confortáveis com a situação. Por isso, quando os pais vão conversar com a escola sobre a condição de seu filho, é melhor levarem consigo materiais informativos sobre diabetes, que falem sobre os sintomas, as medidas para corrigir hipoglicemia, a necessidade de medir a glicemia e de aplicar insulina.
Para poder falar com tranquilidade com os professores, os próprios pais têm de ter atingido certo nível de segurança. É comum que as primeiras reações após o diagnóstico do filho sejam de choque, negação e sentimento de culpa. Depois, existe a dificuldade de adaptação à nova rotina, que acaba interferindo na vida de toda a família. Para superar essas dificuldades iniciais de forma mais rápida e tranquila, o mais indicado é trocar informações com outros pais, buscar o apoio de associações de pacientes e, se a dificuldade persistir, com um psicoterapeuta.
Aceitando a nova condição do filho, os pais podem transmitir a ele mais segurança e, consequentemente, também aos responsáveis pela educação dele na escola."
O que dizer
Veja aqui algumas dicas de informações que você deve levar à escola:
- Sintomas de hipoglicemia:
Fome, tontura, palidez, tremores, suor excessivo, dor de cabeça, sonolência, mudança na personalidade ou conduta como choro e riso inapropriado, dificuldade na concentração, confusão mental, alterações visuais.
- Para corrigir a hipoglicemia, oferecer:
Suco de frutas (não diet) - 150ml (um copo) ou
Refrigerante (não diet) - 150 ml (um copo) ou
1 colher de sopa rasa de açúcar em ½ copo de água ou
Açúcar líquido (Gli Instan) ou 3 balas moles
Refrigerante (não diet) - 150 ml (um copo) ou
1 colher de sopa rasa de açúcar em ½ copo de água ou
Açúcar líquido (Gli Instan) ou 3 balas moles
- Sintomas da hiperglicemia:
Aumento no volume e na frequência da urina, sede excessiva, sonolência, náusea e vômitos, dor abdominal.
A hiperglicemia é mais tolerada pelo diabético e geralmente não o coloca em situação de risco, mas com taxa acima de 250 mg/dL a criança não deve praticar atividade física.
- Forneça sempre os telefones da família e do médico da criança para contatos urgentes.
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