sábado, 4 de janeiro de 2014

“Fiquei livre das injeções diárias de insulina”, diz jovem escritor com diabetes

“Fiquei livre das injeções diárias de insulina”, diz jovem escritor com diabetes

Mark Barone, de 32 anos, trocou as incômodas picadas pela bomba de insulina

Fabiana Grillo e Vanessa Sulina, do R7
Mark Barone diz não querer trocar a bomba por nadaArquivo pessoal
Para os médicos, o tratamento padrão ouro do diabetes tipo 1 é a bomba de insulina. O aparelho eletrônico é do tamanho de um celular e fica ligado no corpo por meio de um cateter que libera insulina 24 horas por dia. Apesar de ser o tratamento que mais se aproxima da fisiologia normal do pâncreas, o endocrinologista Márcio Krakauer, presidente da Adiabc (Associação de Diabetes do ABC), avisa que a bomba não é indicada para todos os pacientes.
— Apesar de facilitar a vida de quem tem diabetes, o preço alto é um dos fatores que impedem o acesso a este tipo de tratamento. Além disso, nem todos os médicos estão preparados para assessorar seus pacientes. É complexo!
A tecnologia chegou ao Brasil há cerca de dez anos, mas é restrita a 4.000 pacientes no País. Para ter o aparelho, é preciso desembolsar de R$ 13.000 a R$ 15.000. Por mês, os insumos chegam a custar R$ 2.000.
Mesmo com o preço salgado, há quem garanta que o investimento vale a pena. É o caso do autor do livro Tenho diabetes tipo 1, e agora?, Mark Barone. Aos 32 anos de idade, há 22 com diabetes tipo 1, ele garante que só trocaria o aparelho se existisse uma versão atualizada e com mais recursos.
— Há seis anos passei a usar a bomba. Troquei seis injeções diárias de insulina por uma picada a cada três dias para trocar o cateter. Além disso, reduzi de 12 para quatro o número de testes de ponta de dedo para checar o valor da glicemia. Com isso, consegui manter um controle excelente mesmo após mais de duas décadas de diabetes e a rotina intensa de trabalho.
Mark, que também é pesquisador e educador em diabetes, teve indicação médica para o tratamento e, por meio de ação judicial, recebe parte dos insumos pelo governo. O jovem cita a tranquilidade como a principal mudança do tratamento convencional para a bomba de insulina.
— Posso olhar na tela do aparelho a qualquer momento e ver como está a tendência da minha glicemia. Se ela está alta ou baixa, a bomba emite um alerta para que eu possa evitar hipo ou hiperglicemia. Dependendo do valor, ela simplesmente suspende a liberação de insulina.
Entre as vantagens, a endócrino-pediatra Denise Ludovico, da ADJ Brasil (Associação de Diabetes Juvenil), acrescenta a capacidade de administrar doses muito pequenas de insulina.
— No caso de crianças, isso pode ser imprescindível para o bom controle glicêmico. A seringa e a caneta não permitem valores tão mínimos.    
Para o escritor, o ponto negativo é “a necessidade de estar conectado ao aparelho o tempo todo, inclusive durante a noite”. Apesar do incômodo, ele garante que “é possível se acostumar em pouco tempo”.
A médica concorda, mas reforça que a bomba não precisa ser uma escolha para o resto da vida. No Brasil, há dois laboratórios que comercializam o aparelho — Medtronic e Roche — e dão a oportunidade de o paciente fazer o teste durante um mês.
— Em algum momento, a bomba pode ser uma ótima solução, mas não precisa ser para sempre. A insulina é a única companheira do portador de diabetes tipo 1 para o resto da vida.

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