quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Pesquisa mostra que o Coração da Mulher de Diabética sofre com a desinformação





   
·         Carlos Eduardo Barra Couri
Endocrinologista
Doutor em Medicina pela USP-Ribeirão preto
Pesquisador da Equipe de Transplante de Células-tronco do Hospital das Clínicas da USP- Ribeirão Preto
Coordenador do Departamento de Novas Terapias e Biotecnologia da Sociedade Brasileira de Diabetes
Sabemos da relação ruim entre diabetes e o coração da mulher. Normalmente o risco cardiovascular das mulheres é inferior ao dos homens, porém, quando analisamos as mulheres diabéticas, elas apresentam risco 2 a 4 vezes maior de doença cardiovascular do que os homens diabéticos.
Nas mulheres diabéticas, 1 em cada 3 morrem de doenças do coração ao passo que 1 em cada 9 morrem de câncer de mama. Isso sem contar doenças relacionadas como síndrome dos ovários policísticos, diabetes gestacional, infertilidade, doença fetais geradas pelo diabetes gestacional, dislipidemia, uso de contraceptivos orais, etc.
Por isso, concordo plenamente que devam existir estratégias específicas na ligação entre diabetes e o sexo feminino.
Como todas as doenças crônicas, o paciente é um agente fundamental e ativo no tratamento e sua colaboração pode ser a divisão entre vida saudável e vida com sequelas. Sabemos que as mulheres geralmente são mais cuidadosas do que os homens, frequentam mais os consultórios médicos e cuidam da saúde do restante da família.
Nesta quarta-feira dia 23 de outubro fui convidado a comparecer para a divulgação de dados de uma excelente pesquisa realizada pela Editora Abril em conjunto com a SOCESP sobre o grau de conhecimento da mulher brasileira sobre os fatores de risco para doenças cardíacas.
Esta pesquisa foi realizada após solicitação por e-mail ou por acesso direto das mulheres aos sites das revistas voltadas para público feminino da Abril como Revista Cláudia e Revista Saúde.
Foram 5318 entrevistas com mulheres de idade média de 38 anos e 77% era de Classe Sócio-Econômica A ou B. Quanto ao grau de instrução, 71% tinham ensino superior completo ou mestrado ou doutorado. A maioria era da região Sudeste e 77% possuiam plano ou seguro saúde com pelo menos 1 consulta médica anual.
Portanto, como podem imaginar, esta pesquisa foi realizada em uma camada privilegiada de mulheres de nossa sociedade.
Entretanto, o tamanho de minha expectativa foi proporcional ao tamanho de minha frustação.
Vejam alguns números que me deixaram alarmado:
-          Apenas 18% destas mulheres concordam que existe relação entre diabetes e infarto do miocárdio;
-          Dos  exames que elas consideram essenciais para prevenir doenças cardiovasculares, apenas 26% achavam que glicemia era importante (pasmem:  76% acham que ecocardiograma é mais importante que glicemia);
-          Segundo elas, apenas 48% dos médicos pedem glicemia quando elas vão à consulta médica de rotina;
-          Mais de 50% das mulheres disseram que nunca tiveram sua cintura medida em consulta médica (independente se tinham peso normal ou obesidade);

Nesta mesma pesquisa foram abordados aspectos gerais da vidas das mulheres (que são em sua marioria de classe social A e B) e vejam só:
-          apenas 59% dizem possuir uma vida familiar satisfatória;
-          apenas 41% disseram ter uma vida amorosa satisfatória;
-          apenas 33% apontaram ter uma vida sexual satisfatória;
-          apenas 34% disseram ter uma vida social e profissional satisfatórios;
-          somente 42% relataram ter uma autoestima boa.
Mesmo num grupo seleto de mulheres, a maioria não está em estado de equilíbrio mental, social e físico:
De quem é a culpa?
O que nós médicos podemos fazer para ajudar a melhorar esta situação?
O que o paciente deve fazer para colaborar?
Como podemos fazer um paciente baixa qualidade de vida ter vontade de se cuidar?

Para ter acesso aos dados completos da pesquisa, basta acessar o link: www.sintaseucoracao.com.br

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