quarta-feira, 13 de novembro de 2013

HISTORIA DO DIABETES


Primeiros Relatos

Ao longo do tempo, a dedicação ao Diabetes de vários profissionais do Brasil e do mundo têm proporcionado descobertas fantásticas para o controle dos níveis glicêmicos. 

Atualmente, podemos dizer que a longevidade e a prosperidade são conquistas certas para aqueles que seguem o tratamento correto.

O conhecimento na área se tornou tão amplo, que passou a merecer o empenho integral de alguns profissionais da endocrinologia. Não é à toa que, recentemente, se tornou comum o termo diabetólogos, para denominar esses profissionais.

Os primeiros relatos datam da era egípcia. Entre os hebreus há relatos com suspeita da ocorrência do diabetes gestacional. Desde a circuncisão de Abraão, aos 99 anos, inúmeras práticas endócrinas foram relatadas. 

O aborto, por exemplo, era permitido se a gestação representasse risco para a vida da mãe.No entanto, somente cerca de 2000 mil anos depois, por volta de 70 d.C, o médico Areteu da Capadócia, na Grécia, conseguiu descrever o diabetes. Areteu observou que aquele silencioso problema desenvolvia quatro complicações: muita fome (polifagia), muita sede (polidipsia), muita urina (poliúria) e fraqueza (poliastenia). Areteu observou também que, quase sempre, as pessoas com esses sintomas entravam em coma antes da morte. Era algo “grave e misterioso”. Afinal, mesmo com a fartura de alimentos que entravam pela boca, a falta de energia corporal permanecia.Desde Areteu – num período de 1600 anos – a Medicina não evoluiu no estudo do diabetes. Só em 1670 é que o médico inglês Thomas Willis descobriu, provando a urina de indivíduos que apresentavam os mesmos sintomas, que ela era "muitíssimo doce, cheia de açúcar".
Em 1815 o Dr. M. Chevreul demonstrou que o açúcar dos diabéticos era glicose. Por esta razão, os médicos passaram a provar a urina das pessoas sob suspeita de diabetes. Desde essa altura a doença passou a chamar-se "diabetes açucarada" ou "Diabetes Mellitus". A palavra "Mellitus" é latina e quer dizer "mel ou adocicado".
Posteriormente, em 1889, dois cientistas alemães, Von Mering e Minkowski, descobriram que o pâncreas produz uma substância, ou hormônio, capaz de controlar o açúcar no sangue e evitar os sintomas do diabetes. Antes, no entanto, ainda não se tinha o conceito de hormônio ou secreção interna. Em 1849, Arnold Adolph Berthold (1803-1861), fisiologista em Goettingen, por meio de experiências realizadas em galos demonstrou a existência de vazamento de “alguma substancia interna”.
Mas foi Claude Bernard, em 1949, que usou pela primeira vez o termo “secreção interna”. A denominação Endocrinologia entrou em uso no século XX, derivada de endon (interno) e krino (separar), ambos do grego clássico. O termo hormônio foi utilizado pela primeira vez pelo Prof. Ernest H. Starling. Desde então já havia relatos de que o mau funcionamento do pâncreas seria o responsável pelo diabetes.

A Descoberta da Insulina: certeza de dias melhores

Em outubro de 1921, no laboratório de Mac Leod, em Toronto, o canadense Frederick Banting – junto com seu colaborador Charles Best – utilizando cães como cobaias, consegue isolar uma substância que se mostrava capaz de eliminar os sintomas do diabetes. O extrato foi batizado de Insulina (palavra de origem latina. Insula, que significa “ilha”).

Este acontecimento representa um marco na história do tratamento do diabetes. Uma das primeiras pessoas a se beneficiar com a terapia foi a compatriota de Banting, Elizabeth Evans-Hughes, no início de 1922. Ela pesava apenas 20 quilos aos 15 anos de idade. Àquela época, a disponibilidade da insulina, mesmo em uma forma impura, significava a diferença entre a vida e a morte.
Inicialmente, o objetivo principal era proteger o paciente da descompensação aguda do diabetes e da cetoacidose. Depois, a atenção foi direcionada para a prevenção de complicações tardias, parcialmente por causa de uma diminuição na incidência de situações agudas, que eram algumas vezes fatais.
No entanto, logo após a grandiosa descoberta, surgiu um grave problema. Não havia, ainda, meios de produção suficiente no Canadá para suprir a enorme demanda repentina. O fato culminou no envolvimento de vários outros laboratórios para garantir o fornecimento em escala industrial, porém, sempre sob a supervisão do Comitê de Toronto.
Mas, já em meados da década de 1930, a demanda não parou de crescer. O que obrigava os laboratórios a produzir insulina, inclusive aos domingos. Época em que a substância passou a ser vendida para outros países, como os Estados Unidos, por exemplo.
Em 1936, o laboratório Hoechst foi o primeiro fabricante a modificar a forma de produção e gerar a insulina cristalina, melhorando o nível de pureza e sua tolerância local. Contudo, mesmo com os avanços as injeções administradas várias vezes ao dia eram muito incômodas para as pessoas com diabetes. Na época, a insulina tinha apenas efeito de curta duração - cerca de 3 a 4 horas.
O primeiro progresso nesta área foi alcançado por um grupo de pesquisadores dinamarqueses de Hagedorn, em 1936. Eles conseguiram provar que o efeito da insulina poderia ser prolongado se fosse ligada à protamina, uma proteína do esperma de um tipo particular de peixe.
Em 1938, os primeiros produtos, baseados nesse novo preparado, ainda eram apresentados na forma de suspensões de insulina, mas os resultados eram animadores.
Para atrapalhar o contínuo avanço da insulina, eis que Adolf Hitler invade a Polônia e começa a Segunda Guerra Mundial. Os fabricantes temiam, então, que a produção sofresse uma queda acentuada. Em 1940, através de um “contrato de suprimento com Moscou” foi mantido o bem-estar de muitos portadores de diabetes.
A primeira entrega de 20 toneladas de pâncreas, proveniente do Abatedouro de Moscou, chegou em boas condições. Entretanto, entregas posteriores chegaram da Rússia em condições duvidosas, pois os navios refrigerados haviam sido capturados pelo exército.
O Desenvolvimento da Insulina Humanizada
Na década de 1960, a produção de uma insulina humanizada não estava longe de se tornar realidade. Nessa época, já havia ocorrido a experiência num cadáver humano, onde a insulina humana cristalizada foi separada pela primeira vez. Havia também a tentativa de transformar a insulina suína em humana. No entanto, houve várias falhas consecutivas.
Somente em 1966 os cientistas Obermeier e Geiger, do laboratório Farbwerke Hoechst, conseguiram provar que era possível transformar insulina suína em humana. O meio utilizado para isso era através de enzimas à síntese de peptídeos em solventes orgânicos. Surgia, então, a fabricação em escala industrial.
A partir daí, a insulina humana tornou-se uma história de sucesso internacional, já que nenhuma outra insulina era capaz de chegar ao seu grau de tolerabilidade. Hoje existem vários tipos de insulina para ajudar no tratamento do diabetes: Insulina de ação rápida, Insulina de ação ultra-rápida, Insulina de ação lenta, Insulina de ação ultralenta, Insulina de ação intermediária, Insulina pré-mistura e Insulina de ação prolongada.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes

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