quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Índice Glicêmico de alimentos típicos da Amazônia

Índice Glicêmico de alimentos típicos da Amazônia


Nota Técnica publicada na Rev Bras. Nutr Clin 2003; 18 (4): 190 – 192)


O tratamento dietético para o controle da Diabetes Mellitus não possui terapêutica nutricional definida, ninguém pode afirmar que existe dieta específica para diabéticos e sim estratégias, que levam em consideração o teor de macro e micronutrientes dos alimentos na forma individual ou combinada com ênfase principalmente ao conteúdo de carboidratos presentes na porção. Atualmente essas estratégias podem ser utilizadas por educadores e prescrita pelos nutricionistas principalmente através do uso de:

tabelas de substituições de alimentos saudáveis, didaticamente separadas por grupos de acordo com a sua função no organismo como os construtores, energéticos e reguladores; 

técnica de contagem de carboidratos; 

alimentos de acordo com seu índice glicêmico e carga glicêmica. 

Quanto a esta última estratégia teceremos algumas considerações publicadas na nota técnica supracitada. O conceito de ÍNDICE GLICÊMICO foi introduzido por David Jenkins e colaboradores no início dos anos 80, que consiste na determinação do efeito fisiológico dos alimentos no período pós-prandial. Este índice, que passou a ter aceitação mundial, demonstra que alimentos com mesmo teor quantitativo de carboidratos, têm efeitos diferentes no que se refere ao incremento da glicemia pós-prandial. Com isso ficou claro que a orientação dietética baseada somente em tabela de substituição ou equivalência, não assegura por si só, a prevenção de picos hiperglicêmicos, devido traduzirem somente a composição centesimal de nutrientes contidos no alimento fora do organismo humano, não refletindo, portanto o seu efeito fisiológico dentro do organismo. Esse efeito depende de outros fatores inerentes ao alimento consumido e ao indivíduo, como: o teor e o tipo de fibra dietética; a forma em que o alimento foi ingerido (consistência e tempo de mastigação, temperatura); a natureza do carboidrato; a viscosidade do bolo alimentar; a velocidade de absorção; a presença de proteínas que atuam estimulando a secreção insulínica; a interação amido-proteína; a relação amilose-amilopectina; presença de inibidores enzimáticos, teor anti-nutrientes, entre outros.




Atualmente, grande é o número de publicações (brasileiras, canadenses, americanas e européias); elas informam inúmeros alimentos analisados quanto ao seu efeito na glicemia pós-prandial, porém em nenhum deles se encontrou índices de alimentos típicos da Amazônia. Neste contexto uma equipe de profissionais do Estado do Pará que trabalham em um programa de assistência a portadores de diabetes, se propuseram a pesquisar alguns índices de alimentos presentes da culinária nortista. A pesquisa teve como objetivos específicos demonstrar o efeito fisiológico pós-prandial imediato e tardio; permitir melhor manejo terapêutico relativo ao impacto glicêmico na prescrição dietética à portadores de diabetes e contribuir com a literatura científica brasileira quanto ao tema.Na primeira fase os pesquisadores selecionaram o suco do açaí (Euterpe oleracea), a farinha de mandioca e a farinha de tapioca alimentos esses que fazem parte da cultura alimentar do homem amazônida. Após pesquisa os índices encontrados foram:


Suco do açaí: 45%


Farinha de tapioca: 56%


Farinha de mandioca: 61%


Como vemos nenhum desses alimentos possuem alto índice glicêmico o que facilita aos nutricionistas brasileiros a sua prescrição. Achamos importante comentar no site da SBD essa informação, para dar oportunidade aos profissionais e todos em geral o conhecimento deste assunto, pelos poucos estudos sobre alimentos típicos das regiões brasileiras quanto ao seu índice glicêmico.


Dra. Ana Maria Calábria Cardoso

Nutricionista do Hospital Universitário João de Barros Barreto /UFPA

e membro do Departamento de Nutrição e metabologia da SBD

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