Por ser uma doença muitas vezes assintomática e pela falta
de políticas públicas mais eficazes de prevenção, há quem só descubra o
diabetes num grau mais avançado, quando as complicações podem ser sérias. Por
isso, fazer exames anualmente é fundamental para a detecção da doença o mais
breve possível.
O tipo 2 acomete cerca de 90% das pessoas que sofrem de
diabetes. Ele aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a
insulina que produz -- ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa
de glicemia. "Quando faz o diagnóstico precoce e o tratamento adequado,
como redução de álcool e tabagismo e a prática de exercícios físicos, por
exemplo, a pessoa vai ter uma evolução mais favorável", diz o médico
endocrinologista Antonio Roberto Maestrello.
Já o tipo 1, mais raro, aparece geralmente na infância ou
adolescência e é tratado com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e
atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. Seus
principais sintomas são perda de peso, sede, fome e urina em excesso.
Os números ligados à incidência de diabetes são elevados. A
doença atinge atualmente 415 milhões de pessoas no mundo todo, segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano passado, 5 milhões de pessoas
morreram em decorrência da enfermidade. "É urgente que se façam políticas
públicas de prevenção, detecção e tratamento", comenta Maestrello.
Exame anual
Como não há uma maneira de detectar quem terá ou não a
doença (embora o histórico familiar aumente as chances), é muito importante
realizar a prevenção e o exame anual, pedido por um médico. "Às vezes, a
pessoa faz o exame e fica até surpresa, porque não tinha sintomas. Se não
fizer, acaba sendo diagnosticada alguns anos depois, já com algum nível de
complicação e começa o tratamento meio tarde", afirma o médico.
O diabetes pode trazer complicações como derrames, infarto e
problemas de circulação, que podem até ocasionar a amputação de membros.
"O tipo 2 tem o fator ambiental muito importante, além do genético. As
pessoas mais obesas, sedentárias, têm risco maior. Se conseguir melhorar a
alimentação das pessoas, os hábitos de vida e manter o peso adequado, consegue
diminuir a incidência", afirma Maestrello, destacando que 30 minutos
diários de caminhada já são suficientes para ajudar na prevenção.
Mesmo quem se cuida e faz exames regularmente pode ser
vítima da enfermidade. Porém, nesses casos a tendência é que o diabetes demore
mais a aparecer. Assim, além de viver mais tempo sem a doença, a pessoa ainda
terá o tratamento facilitado, já que a detectou precocemente. "Quanto mais
cedo o fator de risco (obesidade, por exemplo) se apresentar, mais cedo a
complicação vai aparecer. Não dá para ignorar a doença. Se tratar
adequadamente, a chance de ter uma complicação séria diminui. Mas tem que tratar,
tem que levar a sério", alerta o médico.
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