domingo, 13 de abril de 2014

A BARREIRA DA HIPOGLICEMIA NO TRATAMENTO DO DIABETES

A hipoglicemia no tratamento do diabetes, principalmente nos usuários de insulinas, na maioria das vezes resulta de uma incompatibilidade entre doses de insulinas, ingestão de alimentos e atividade física. Os sintomas, além de causarem mal estar, se não adequadamente tratados, podem ser a causa de ansiedade e pânico em diabéticos e cuidadores, ocupando hoje destaque entre as barreiras no tratamento intensivo do diabetes, sendo um fator limitante no alcance das metas de bom controle glicêmico.
E como lidar com essa situação? Educando em Diabetes. Quanto mais educado em Diabetes, menor o medo!
Dentro de um programa de educação é importante que pacientes e familiares sejam capacitados para o manejo básico dos episódios de hipoglicemias. Assim, vamos às regras básicas:
1- Definição de Hipoglicemia
No tratamento do diabetes, glicemias menores que 70 mg/dL são classificadas como hipoglicemias.
2- Reconhecimento dos sintomas
Além dos sintomas classicamente conhecidos, como tremores, palpitações, sudorese, fome intensa, palidez e confusão mental, alertar para os sinais e sintomas:
  • Dificuldades na audição e na distinção de cores;
  • Fala arrastada, irritabilidade, choro incontrolável, pesadelos freqüentes;
  • Mudança súbita de comportamento e agressividade. 
3- Classificação
A- Hipoglicemia sintomática documentada: o portador de diabetes e/ou cuidadores são capazes de reconhecer e tratar a hipoglicemia após a medida da glicemia capilar. São hipoglicemias leves a moderadas.
B- Provável hipoglicemia sintomática: na presença de sintomas de hipoglicemia, na impossibilidade de realização da glicemia capilar, é realizada a ingestão de alimentos com melhora dos sintomas.
C- Hipoglicemias relativas: muito comuns, são os sintomas de hipoglicemia aliviados pela ingestão de alimentos, mas com glicemias acima de 70 mg/dL. Ocorrem quando as glicemias diminuem rapidamente e podem ocorrer quando os níveis de glicemias são pobremente controlados cronicamente. Esta situação, se não detectada e bem orientada, pode prejudicar o tratamento do diabetes.
D- Hipoglicemia severa: níveis glicêmicos baixos, com perda de consciência, convulsões ou coma, onde é necessário terapia com glicose endovenosa ou glucagon.
4- Tratamento adequado
Alimentos com 15 gramas de carboidratos elevam a glicose em 30- 45 mg/dL, em média. Veja a lista com sugestões de alimentos no final do texto.
5- Prevenção de Hipoglicemias 
A principal na prevenção: Glicemias e Capilares.Pacientes e familiares devem receber educação sobre as situações em que as hipoglicemias podem ser mais freqüentes, e nas quais as monitorizações glicêmicas devem ser intensificadas:
A- Quando o tratamento é alterado: mais insulina, menos alimentos, mais exercícios;
B- Durante o sono: glicemias na madrugada, por volta das 03h, devem ser realizadas pelo menos 01 vez por semana;
C- Quando as hipoglicemias frequentemente não apresentam sintomas;
D- Após a ingestão de bebidas alcoólicas: o álcool pode induzir hipoglicemias graves e sem sintomas de alerta;
E- Crianças, principalmente menores de 6 anos.
Pacientes e familiares fazem parte da equipe que trata o diabetes. Para isso, educação em diabetes é essencial!
Referências:
  • ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2009 Compendium
  • American Diabetes Association - Standards of Medical Care in Diabetes—2010
Informações do Autor

Dra. Janice Sepúlveda
Endocrinologista - Coordenadora do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte
Doutora em Clínica Médica pelo Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte
Coordenadora do Mestrado Profissional em Educação em Diabetes - IEP - Santa Casa de BH

Nenhum comentário: