Artigo Comentado: Green tea extract ingestion, fat oxidation, and glucose tolerance in healthy humans.

O artigo intitulado “Ingestão de chá verde, oxidação de gordura e tolerância à glicose em humanos saudáveis” foi publicado no periódico American Journal of Clinical Nutrition (2008, 87:778-84).
O chá verde (Camellia sinensis) é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Os principais flavonóides presentes no chá verde são os monômeros de catequinas. As catequinas do chá verde incluem a catequina (C), a galocatequina (GC), a epicatequina (EC), a epigalocatequina (EGC), a epicatequina galato (ECG) e a epigalocatequina galato (EGCG). A EGCG é a forma mais ativa das catequinas e sugere-se que sua ação ocorra no sistema nervoso simpático, especificamente inibindo a enzima catecol-O-metil tranferase, na qual degrada a norepinefrina. Dessa maneira, a EGCG poderia exercer função regulatória na ativação simpática e na lipólise. Além disso, estudos realizados com animais, foi observado redução da glicemia e da insulina após o consumo do chá verde.
Um dos objetivos do presente estudo foi investigar os efeitos da ingestão aguda de chá verde sobre a tolerância à glicose (teste de OGTT).
Foram avaliados 11 homens jovens e com média de IMC classificado como eutrófico. No dia anterior ao experimento, os participantes ingeriram 3 cápsulas contendo extrato de chá-verde ou placebo por dia. Foram consumidas nos períodos da manhã, almoço e jantar. No dia do experimento, ingeriram uma cápsula cerca de 1 hora antes do teste máximo.
Cada cápsula continha aproximadamente 340mg de polifenóis e 136mg de EGCG. A quantidade de chá verde contida em cada cápsula correspondia a aproximadamente 3,5 xícaras de chá. As cápsulas de placebo continham apenas o composto excipiente.
Observou-se redução da insulina, sem alteração da glicemia e com consequente melhora da sensibilidade à insulina, já que os indivíduos precisaram de menos insulina para manter a mesma glicemia, demonstrando dessa forma, maior eficiência da ação deste hormônio.
O possível mecanismo proposto foi que a epigalocatequina galato aumentaria a fosforilação da tirosina no receptor da insulina e do substrato do receptor da insulina-1 (IRS-1), consequentemente aumentando a translocação do Glut-4 até a membrana para captação de glicose (Figura 1).
Como conclusão, os autores relatam que o chá verde melhorou o controle glicêmico após uma carga oral de glicose e que este tipo de intervenção poderia ser benéfico na redução do risco de DM2.
Figura 1. Efeito do consumo do chá verde na captação de glicose

Dr. Erick P. de Oliveira
Nutricionista, doutorando em Patologia pela UNESP-Botucatu