segunda-feira, 19 de abril de 2010

Diabetes em família

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14/12/2009 - APDP
O aparecimento de uma situação não esperada numa família da qual uma doença como a Diabetes pode ser um exemplo, provoca sempre uma alteração no equilíbrio familiar.

Esta mudança exige por parte dos médicos, psicológos, etc, que trabalham com a doença, intervenções que levem em conta não só o paciente/doente como também os outros elementos da família para quem a doença do familiar também é uma situação nova.

O modo como as famílias reagem ao aparecimento da doença depende da fase em que se encontram, de qual dos elementos adoeceu e do tipo de comunicação existente na família.

O diagnóstico de Diabetes num filho único de um jovem casal, pode introduzir dúvidas quanto ao momento oportuno para ter um segundo filho ou ser um entrave à autonomização de um mesmo filho único que adoeça na adolescência.

As repercussões familiares que resultam do fato da doença surgir num jovem que já é pai, são seguramente diferentes daquelas que resultam quando o doente é um jovem da mesma idade numa família onde ainda “só” é filho.

Tal como para outras doenças., as famílias nas quais surge Diabetes, passam por períodos em que os sentimentos dominantes são a surpresa, a tristeza, raiva e às vezes a negação da doença. É frequente existir também nas famílias, dificuldade em exprimir sentimentos atribuíveis ao aparecimento da doença.

Existe a ideia de que em famílias onde um elemento sofre de doença crónica, há outro elemento a sofrer em silêncio. Muitas vezes o cuidador mais próximo é a mãe ou a mulher.

Quando é feito o diagnóstico da doença ou nos períodos agudos, as famílias tendem a unir-se. Passados estes momentos, as famílias podem ou centrarem-se excessivamente sobre o doente e a doença, prejudicando a autonomia e a dos outros elementos, ou pelo contrário, desorganizar-se de tal forma ao ponto de excluir o elemento doente.

Nestas famílias, a doença pode ser “utilizada” como regulador “das distâncias” tanto no sentido de “criar espaço” como no sentido de aproximar as pessoas à sua volta. O não cumprimento da terapêutica, pode ser um exemplo desta “utilização”.

São outros sinais de dificuldade de famílias em lidar com a doença:
o aparecimento de sentimentos de culpa, desinteresse ou preocupação excessiva;
a negação da doença;
o aparecimento de sintomas psicossomáticos.
Quando se suspeita desta dificuldade, constitui uma boa prática, a programação de uma consulta familiar que vai permitir ao psicológo/médico conhecer o que cada um dos elementos pensa e sabe sobre a doença; ajudar e mudar comportamentos inadequados e estabelecer com a família, tendo em conta os recursos de cada elemento, um plano terapêutico satisfatório.

E por que não generalizar também como regra de boa prática a realização de uma conversa/consulta familiar após o diagnóstico de Diabetes?

Esta consulta permitirá, identificando competências específicas em cada um dos elementos da família, antecipar as dificuldades descritas, fazendo circular o conhecimento da doença na família.

Permitirá que desde o início, o doente, a família e o médico, constituam uma equipe cujo objectivo é que todos vivam bem com a Diabetes.

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