terça-feira, 25 de setembro de 2012

Descobrindo o Diabetes. Depoimento e uma “Mãe”


Descobrindo o Diabetes. Depoimento e uma “Mãe”
(Leia com muita atenção esse depoimento, pode ajudar a você ou mesmo ajudar a você a ajudar alguém)
Descobri que minha filha, de 4 anos, estava com diabetes tipo 1. Ela vinha definhando, perdendo peso visivelmente, sempre exausta e queixando-se de dores ortopédicas (as perninhas estavam sempre doendo, a ponto de fazê-la chorar todas as noites).

Além disso, adquiriu infecção urinária e furunculose. Em pequeno período, percorri mais de cinco médicos entre os melhores de diversas especialidades, pagando inclusive consultas particulares. Todos tratavam o problema que incomodava minha filha no momento, mas nunca nenhum deles me pediu exames mais aprofundados (de sangue, por exemplo), para tentar descobrir o que estava por trás de tantos problemas - embora eu tenha chegado a pedir várias vezes. Diziam que não precisava que aquelas coisas iriam passar que criança sempre tem essas doenças. Sei que essas atitudes visavam poupar minha filha de exames dolorosos, mas isso quase lhe custou a vida.
Para agravar ainda mais o problema, coincidiu que, justamente nesse período, eu entrei em um pico de trabalho muito grande. Foram meses extraordinariamente pesados, em que eu tive que virar noites e finais de semana inteiros dentro da empresa para dar conta de um serviço crítico pelo qual eu estava responsável. Frente às opiniões médicas que diziam que minha filha nada tinha, comecei a achar que o seu abatimento era saudade e passei a sentir-me culpada. Decidi, então, que, imediatamente após o carnaval, tiraria uns dias de folga para dar uma atenção maior à pequena, cuidando pessoalmente de sua alimentação.  Fiz um cardápio turbinado, em que o inhame e cuscuz eram peças principais. Mal sabia eu que estava piorando a situação, pois esses alimentos são bombas de carboidratos, que viram glicose assim que digeridos pelo nosso organismo. O tiro saiu pela culatra porque a criança só fazia definhar cada vez mais, e eu ficava à deriva, sem compreender absolutamente nada.
A situação ficou ainda mais crítica quando ela começou a urinar a todo o momento, e a tomar água compulsivamente. De repente, passou a nos chamar 2 ou 3 vezes à noite para fazer xixi. Finalmente, quando ela nos chamou 4 vezes à noite, fiquei alarmada sabendo que aquilo não podia estar certo.

Lembrei-me, então, que, em algum momento do meu passado, talvez na adolescência, alguém me falou que esse urinar constante, aliado à necessidade de muita água, era sintoma de diabetes. Acessei a Internet, procurando informações sobre a doença, e o que li parecia o relato da história da minha filha nos últimos meses. Ela apresentava TODOS os sintomas da Diabetes tipo 1. No dia seguinte (segunda-feira), sem qualquer pedido médico, bati na porta do laboratório e pedi um exame de glicemia de jejum. O resultado saiu na quarta-feira , e confirmou minhas suspeitas. Pior: à essa altura, minha filha estava tão descompensada, que precisou ficar internada 2 dias no hospital. Por pouco não entrou em coma diabético.
O que houve com minha filha ocorre com milhares de crianças diariamente em todo o mundo. Muitas morrem porque o desconhecimento dos pais sobre a doença e descaso de alguns médicos faz com que ela seja descoberta tardiamente, quando a criança já está em coma - muitas vezes irreversível.
A diabetes tipo 1 é a terceira doença crônica mais comum na infância, atrás apenas da asma e do retardo mental (fonte: livro “Raising Children with Diabetes”, de Linda Siminerio e Jean Betschart). A cada ano (segundo a mesma fonte), pelo menos 60.000 crianças são diagnosticadas com diabetes tipo 1 no mundo inteiro. Todos que a possuem serão dependentes de insulina até o final de suas vidas – ou pelo menos até o dia em que descobrirem a cura dessa doença. Ela quase nunca é diretamente herdada, embora fatores hereditários desempenhem um papel importante. No nosso caso, por exemplo, nem eu nem meu marido temos sequer um caso dessa doença em nossas famílias – procuramos em pelo menos umas 4 gerações de antepassados.
Eu gostaria muito que meu depoimento servisse como alerta: da mesma forma que no passado a informação sobre os sintomas da diabetes ficou gravada em minha memória (embora não lembre quando escutei nem quem me falou a respeito) e me alertou em tempo de evitar que minha menina entrasse em coma, a leitura desse texto pode ajudar você a salvar uma vida amanhã. Assim, se um dia ouvir um pai ou uma mãe reclamar que seu filho ou filha apresenta sintomas semelhantes aos aqui descritos, aconselhe-os a procurar um médico ou laboratório o quanto antes. É importante salientar que a pessoa não precisa apresentar, como minha filha, TODOS os sintomas ao mesmo tempo. O marcador mais comum, que ocorre em TODOS que estão iniciando a doença, é o ato de urinar com frequência e tomar água compulsivamente. Se a criança ou adulto chegou a esse ponto, pode não estar muito longe de um coma, e as providências devem ser tomadas sem demora.
Um recado aos pais: médicos entendem de doenças, mas os pais conhecem seus filhos como ninguém. Portanto, quando notarem algo estranho em seus filhos, física ou emocionalmente, não descansem enquanto não descobrirem o que está errado. Confiem em sua intuição! Dificilmente ela erra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você ainda se lembrou de que alguém lhe falou dos sintomas. Comigo aconteceu de que eu via q algo estava errado com meu filho mas nem imaginava o que poderia ser, realmente os médicos não investigam o diabetes e como ele tem asma mascarou por mais tempo a doença. Descobri essa semana, ele ficou uma semana no hospital e ainda não saiu com a glicemia regulada. Amanhã irei a uma consulta com um endócrino-pediatra. Muita força e coragem para as mães dessas crianças.