sexta-feira, 14 de março de 2014

Diabetes Lada: o tratamento está no gerenciamento do controle glicêmico

"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura."

 
O diagnóstico de qualquer doença crônica na maioria das vezes não tem um impacto muito positivo na vida do ser humano. Porém, a própria maturidade da pessoa pode influenciar positivamente em aceitar a situação com mais fácilidade e, como diz Lya Luft, “querer com mais doçura” encontrar o melhor caminho para atenuar a primeira reação.
Esse foi o caminho traçado por Mariana Vieira Neves, empresária de 25 anos, um deles com diabetes tipo Lada. O diagnóstico foi realizado por um exame de rotina, solicitado pelo ginecologista que constatou 257mg/dl de glicemia.
O diabetes tipo Lada é um termo que significa diabetes auto-imune latente do adulto. Para quem nunca ouviu falar, o Dr. Balduino Tschiedel, endocrinologista e diretor presidente do Instituto da Criança com Diabetes, em Porto Alegre, oferece a explicação. “Geralmente é diagnosticado em pessoas com mais de 30 anos e pode apresentar os sintomas de diabetes tipo 2, apesar de reunir as características do diabetes tipo 1, de forma mais lenta”, pontua.
“È auto-imune, apresenta a destruição mais lenta das células beta e o correto é iniciar o tratamento com insulina, mesmo que muitos médicos comecem a receitar medicamentos orais, no início do diagnóstico, complementa Dr. Balduino”.
Mariana confirma a informação do Dr. Balduino por meio de seu depoimento: “não tinha muitos sintomas, lembro-me de sentir cansaço, falta de energia, sede e ainda emagreci três quilos. Logo que fui diagnosticada, o médico prescreveu insulina lenta junto com um medicamento oral. Em seguida, houve a mudança para outro medicamento também de uso oral, o que ajudou a reduzir a hemoglobina glicada de 10,1% para 6,4%.”
“Inclusive o médico pediu para que eu fizesse os exames anti-GAD, anti-insulina e anti-ilhota. O único que deu positivo foi o anti-GAD, que constatou que havia células auto-imunes às células Beta do pâncreas, responsáveis pela liberação da insulina no corpo. Dessa forma, foi caracterizado como Lada”, acrescenta Mariana.
Dr. Balduino comenta que “muitos pacientes chegam ao consultório com o mesmo resultado obtido por Mariana, ou seja, somente um dos exames dá positivo. Há pessoas inclusive que também têm resultado positivo, mas não desenvolvem a condição. Varia muito de caso para caso”.
Após o início do tratamento, o endocrinologista de Mariana solicitou a troca do medicamento oral para insulina. “Para ter melhor controle e evitar complicações agora que desejo engravidar, o médico suspendeu o medicamento oral e injeto insulina de ação rápida quatro vezes ao dia, além de realizar a automonitorização quatro vezes ao dia”, adiciona.
Outro indicador que auxilia no diagnóstico do tipo Lada é a falta de histórico de diabetes na família, além de a pessoa não ser obesa. Dr. Balduino afirma que “não há possibilidade de reversão da situação, mesmo que a pessoa seja diagnosticada no início da condição. Mas quanto antes o diagnóstico, mais fácil será controlar os índices glicêmicos e gerenciar o tratamento”.
Para as pessoas diagnosticadas com este tipo de diabetes, Mariana faz algumas sugestões. “O mais importante é aceitar a condição desde o início, pesquisar as informações nos diversos meios de comunicação, procurar entender o funcionamento de cada alimento e da insulina no corpo, manter a alimentação saudável, realizar atividade física e acompanhamento médico adequado. Com essa disciplina, conseguiremos conviver bem com o diabetes para sempre”, afirma.


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