sábado, 29 de março de 2014

Medição contínua de glicemia favorece controle

Endocrinologista afirma que a medição contínua da glicose é aconselhada para todo tipo de paciente, seja tipo 1 ou tipo 2, usuário ou não de insulina.
Fazer amplo monitoramento da glicemia é a melhor maneira de se conhecer o que está funcionando e o que não tem efeito benéfico no dia a dia do diabético. Além do teste de glicemia feito em casa, pelo próprio paciente, em jejum ou duas horas após as refeições, há uma série de outros exames já conhecidos do diabético que ajudam o médico a corrigir doses de medicamento, tipo de alimentação e atividades físicas eventualmente praticadas pelo paciente.
Entre esses exames, além da glicemia de jejum feita em laboratório, o mais comum é o exame de A1C, ou de hemoglobina glicada, que mede o comportamento da glicemia nos três meses precedentes à sua realização. 

Esse teste fornece a média glicêmica do período, mas não identifica situações específicas: o diabético pode ter um bom resultado médio, mas apresentar oscilações importantes durante o dia ou a noite que não são apontadas no resultado. 

Outro exame que vem sendo adotado por alguns especialistas e que fornece a informação sobre eventuais oscilações é o de monitorização contínua da glicemia, feito por meio de um aparelho, parecido com um pager, que realiza medições constantes por um período de cinco a sete dias.
Um dos adeptos desse sistema é o endocrinologista Maurício Aguiar de Paula, consultor médico da Associação de Diabetes de Sorocaba (ADS). Ele explica que existem dois tipos de equipamentos: o CGMS- sigla para Sistema de Monitorização Contínua de Glicemia - que fornece por meio de um sensor dados de cerca de 280 medições diárias da glicemia. 

Outro equipamento é o Guardian Real Time que, além de fornecer dados sobre essas medições, permite que o paciente interaja, modificando alimentação, atividade ou dosagem de medicamento, para correção de eventuais índices glicêmicos.
"Esses equipamentos fornecem ao médico um quadro detalhado sobre a glicemia durante 24 horas e, como são acrescidos de informações inseridas pelo paciente quanto à alimentação e outras atividades, dão condições para se analisar o que interfere na ocorrência de hipo ou hiperglicemias e, conseqüentemente, fazer um ajuste fino no tipo e doses de medicamentos", explica Aguiar.
Ele acrescenta que, quando o equipamento dá também informações em tempo real, o paciente fica sabendo imediatamente o que está ocorrendo e, se necessário, entra em contato com o médico para uma correção de dose emergencial.
O endocrinologista afirma que a medição contínua da glicose é aconselhada para todo tipo de paciente, seja tipo 1 ou tipo 2, usuário ou não de insulina. "O impeditivo é basicamente de custos, que variam de R$ 250,00 a R$ 400,00, já que nem todos os convênios remuneram esse tipo de exame", enfatiza o médico.
Em função dessa restrição, muitas vezes o teste de monitoramento contínuo tem sido mais usado em pacientes que necessitam de um ajuste fino de doses de medicamento, ou seja, para aqueles que já chegaram a um resultado de A1C de 7% ou 8% e precisam de pequenos ajustes para restabelecer índices abaixo dos 7%. 

Aguiar também considera essencial a aplicação desse teste em diabéticas gestantes, que podem apresentar glicemia média (A1c) em torno dos 7%, mas podem passar por períodos de forte hipoglicemia, principalmente durante a madrugada, quando o problema muitas vezes nem é percebido pela gestante.
Segundo o médico, o uso dos equipamentos para a realização desse teste não causa reações adversas. O sensor, de uso individual, contém um reagente químico que se esgota ao final do período do teste e não causa alergia. 

O equipamento, que fica acoplado ao corpo em um de seus modelos - e pode ficar à distância no segundo modelo, que tem transmissão de dados por frequência de rádio -, não é pesado e não impede a realização de tarefas de rotina.
"O sensor tem de ser protegido na hora do banho e o equipamento fica dentro de uma bolsa para não ser molhado, mas é possível até mesmo ficar imerso em água durante 20 minutos com o modelo que tem transmissão à distância", acrescenta o especialista.

Fonte : Diabetes Nós Cuidamos
Edição: F.C.
20.05.2010

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