Se a doença estiver no início, o paciente pode não perceber quaisquer sintomas que chamem a sua atenção. De fato, por ser uma doença relativamente assintomática no seu início, estima-se que cerca de 50% dos diabéticos não saibam do diagnóstico. Ou seja: metade dos diabéticos não sabe que tem diabetes!
Por isso é importante a avaliação médica e a dosagem da glicemia no sangue em pessoas com alto risco para desenvolver diabetes ou que apresentem quaisquer sintomas compatíveis com diabetes.
Em pessoas com doença mais avançada ou com glicemia mais alta, alguns sintomas muito sugestivos de diabetes são:
- vontade de urinar a toda hora, com grande quantidade de urina;
- formigas subindo no vaso sanitário, devido à presença de açúcar na urina;
- sede em excesso; - fome exagerada;
- perda de peso sem motivo aparente, apesar de estar comendo até mais que o normal;
- “borramento” da visão;
- fraqueza intensa, mal-estar, desânimo;
- “formigamentos” nas mãos e nos pés;
- feridas que demoram a cicatrizar ou não cicatrizam.
Que pessoas apresentam risco alto de apresentar diabetes?
Algumas pessoas possuem características que aumentam muito a sua chance de apresentar diabetes. As principais dessas características são as seguintes:
- excesso de peso ou obesidade;
- história familiar de diabetes (ou seja, parentes de primeiro grau – pais, irmãos ou filhos – que também possuem a doença);
- história de ter tido diabetes durante a gravidez (diabetes gestacional);
- história de macrossomia fetal (ou seja, ter dado à luz filhos pesando mais de 4 Kg), ou abortos de repetição;
- história de glicemias alteradas no passado;
- sedentarismo; - idade acima dos 45 anos;
- pressão alta;
- triglicérides altos ou HDL-colesterol (“bom colesterol”) baixo;
- doença coronariana (infarto do miocárdio, angina);
- uso de medicações que podem aumentar a glicemia.
O que fazer na presença de sintomas sugestivos ou fatores de risco para diabetes? Essas pessoas devem ser avaliadas por um médico e testadas para a presença de diabetes, através da dosagem da glicose no sangue (glicemia).
Existem 3 formas de avaliar a glicemia de um paciente:
a) Dosagem de glicemia de jejum – é a forma mais simples, prática e barata de diagnosticar o diabetes. Deve ser colhida amostra de sangue pela manhã, após um jejum de 8 a 12 horas.
b) Dosagem de glicemia casual – é a determinação da glicemia em amostra de sangue colhida em qualquer horário do dia, independente da pessoa estar em jejum ou não. Útil em casos de pessoas com sintomas muito evidentes e sugestivos de diabetes.
c) Teste de Sobrecarga de Glicose – indicado em pacientes com glicemia de jejum pouco alterada, ainda não atingindo o nível para diagnóstico de diabetes, ou em pacientes de risco muito elevado para diabetes com glicemia de jejum normal.Colhe-se uma amostra de sangue (geralmente em jejum), então o paciente ingere 75g de glicose dissolvida em água e colhe uma nova glicemia após 2 horas.
Quais os valores normais de glicose no sangue?
Atualmente, consideram-se normais os valores de glicemia:
a) menores que 100 mg/dL em jejum;
b) menores que 140 mg/dL após teste de sobrecarga com glicose.
Cuidado! Muitos laboratórios clínicos no Brasil ainda colocam o limite de 110mg/dL como "Valor normal", ou "Valor de Referência" para a glicemia de jejum. De fato, a glicemia de jejum foi considerada normal até 110mg/dL por muitos anos, mas isso mudou em 2004, quando a Associação Americana de Diabetes, baseada nos resultados de vários pesquisas novas, estabeleceu que o valor da glicemia de jejum não deve passar de 100mg/dL para ser considerada normal. Por isso, hoje em dia se considera normal apenas a glicemia de jejum menor que 100mg/dL.
Quais os valores de glicemia necessários para fazer o diagnóstico de diabetes?
O diabetes mellitus é diagnosticado quando se encontra:
a) glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL, em pelo menos 2 medidas em dias diferentes;
b) glicemia casual maior que 200 mg/dL, na presença de sintomas sugestivos de diabetes;
c) glicemia após teste de sobrecarga com glicose 75g maior que 200 mg/dL.
Valores intermediários entre o normal e o diabetes fazem o diagnóstico de pré-diabetes, que inclui a tolerância diminuída à glicose (glicemia pós-sobrecarga entre 140 e 200 mg/dL) e a glicemia de jejum alterada (glicemias de jejum repetidamente maiores que 100 e menores que 126 mg/dL).
Outros testes, como a glicemia capilar (medida em sangue da ponta do dedo, através de aparelhos chamados glicosímetros) e a detecção de glicose na urina (chamada glicosúria) em geral não servem para diagnóstico de diabetes, e devem ser preferencialmente confirmados pela dosagem de glicemia no sangue (glicemia).
Se algumas pessoas têm diabetes mas não sentem nada, então porque precisam de tratamento?
Todos os tipos de diabetes podem produzir complicações sérias com o passar do tempo, incluindo: cegueira, doenças do coração (infarto), obstrução (entupimento) dos vasos sangüíneos (principalmente nas pernas e pés) e perda de função dos rins. Algumas vezes, o comprometimento da circulação sangüínea chega a ser tão grave que exige a amputação de membros. Além disso, o paciente com diabetes do tipo 1 pode passar por situações graves, em que níveis muito altos ou muito baixos de glicemia podem ameaçar a sua vida.
Por isso, todos os indivíduos portadores de diabetes devem fazer um cuidadoso acompanhamento médico e participar ativamente do seu tratamento, com o objetivo de manter sua glicemia a mais próxima do normal possível, pois assim se evitam muitas das complicações da doença. Existem endocrinologistas especializados no tratamento de diabetes, que podem avaliar e tratar pessoas diabéticas da melhor forma possível. Em muitos casos, o paciente diabético também vai precisar da ajuda de outros profissionais, como, por exemplo: médicos oftalmologistas (que vão avaliar o acometimento dos olhos pelo diabetes), nutricionistas (que vão orientar a maneira correta do diabético alimentar-se), psicólogos e enfermeiras.
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