terça-feira, 22 de abril de 2014

Diabetes sem sustos

Muitos temores em relação à diabete não passam de fantasmas. A rotina com a doença não exige dieta exagerada, mas disciplinada. Veja os novos exercícios indicados para diabéticos, saiba se você descompensou e como entrar na linha

O diagnóstico da diabete cai como uma bomba na vida das pessoas e alimenta muitas dúvidas limitações na dieta, autocuidados necessários e a influência do peso no controle, as complicações e os gastos com a doença. São os principais receios que vêm à mente dos diagnosticados há menos de três meses, segundo pesquisa publicada no fim de 2012 pelas universidades de Rocky Mountain, de Utah, e Angelo State e Texas Woman’s, do Texas (EUA). 
Bem-vindo ao clube de 246 milhões de sócios 
Em todo o mundo, cerca de 246 milhões de pessoas foram diagnosticadas com diabete. Até 2025, segundo dados do Ministério da Saúde, a previsão é de que esse número alcance 380 milhões. No Brasil há 12,4 milhões de diabéticos, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes, colocando o no topo dos países do sul, seguido pela Colômbia, Venezuela e Argentina. Aqui, há 6,3% de diabéticos em todas as faixas etárias. Destes, 12% estão entre os 30 e 60 anos e 20% acima dos 70 anos. 
Rótulos
Sem amarras alimentares 
Restrições exageradas e proibições não são mais sinônimos da alimentação do diabético. Tudo é possível, desde que em quantidade reduzida. “Mesmo o açúcar de mesa pode fazer parte de um plano alimentar saudável”, diz a professora de Nutrição da UFPR e educadora em diabete pelo International Diabetes Center (EUA), Deise Baptista.
Além do açúcar, os carboidratos, gorduras totais e saturadas influenciam na quantidade de glicose produzida pelo organismo, afetando o nível glicêmico. Como estes elementos não estão presentes apenas nos doces, aprender a ler rótulos é a primeira lição que o recém-diabético deve ter, especialmente o hipertenso, sedentário ou obeso. “Por mais trabalhoso que seja no início, este processo melhora a adesão ao tratamento, pois a contagem de carboidratos flexibiliza as escolhas: o diabético deixa de se limitar a um cardápio fixo, abrindo-se a outros alimentos”, diz a enfermeira Leliane Vazquez. 
Dúvidas 
Veja alguns mitos e verdades relacionados à doença: 
Todas as pessoas com diabete precisam de insulina. 
Mito. Alguns casos são tratados com medicação oral. Em geral, portadores do tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina e os que têm a tipo 2 não necessitam de doses diárias, mas têm de controlar os níveis de glicose no sangue, manter uma dieta saudável, praticar exercícios e seguir a terapia medicamentosa 
O tratamento com insulina deve ser feito continuamente. 
Verdade. O tratamento para diabete é para o resto da vida e, por enquanto, não existe nenhum tratamento que faça o pâncreas voltar a produzir insulina. No entanto, diversos estudos nesse sentido estão em andamento. 
Pais com diabete terão filhos com diabete. 
Mito. A hereditariedade existe, mas não é determinante. No tipo 2 a hereditariedade é mais acentuada. 
Diabete é uma doença de pessoas idosas. 
Mito. O tipo 1 pode aparecer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. O tipo 2 é mais comum em adultos acima de 45 anos, mas em razão dos maus hábitos alimentares e do sedentarismo, tem acometido pessoas cada vez mais jovens. Ainda assim, dados de 2007 do Ministério da Saúde apontam prevalência da diabete em pessoas acima dos 65 anos – 18,6% dos casos no Brasil. 
O exercício exerce o mesmo papel da insulina. 
Verdade. Mas ele atua por vias diferentes. A prática regular preserva o pâncreas. Ao começar a atividade, a musculatura passa a captar a glicose do sangue, diminuindo a necessidade do hormônio. Porém, o ritmo de exercícios e a dieta devem ser mantidos. Como a relação do diabético tipo 2 com o sedentarismo e excesso de peso é frequente, os exercícios aeróbicos com menor impacto são os ideais.
Fonte: médicos e enfermeiras da Farmácia Dassette, especializada em atendimentos a pessoas diabéticas, dados do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Cuidados 
Apesar de a atividade física ser uma das primeiras recomendações dos médicos e especialistas para os diabéticos, é preciso tomar os seguintes cuidados quando a glicemia estiver: 
Pouco alterada 
Seja a diabete tipo 1 ou 2, a pessoa pode começar a fazer os exercícios tranquilamente. 
Muito alterada 
O exercício fará com que a glicemia suba mais, sendo recomendado estabilizá-la e, só depois, iniciar a prática. Em atividades mais leves, como as caminhadas, a glicemia tende a reduzir. Nas mais intensas, há maior liberação de glicose no sangue, porque o organismo “entende” que será necessário consumir mais açúcar, elevando assim a glicemia.

Fonte: Claudio Cancellieri, coordenador do Departamento de Educação Física da Anad.

Nenhum comentário: