A revista Nature publicou em 17 de setembro a última versão online de um estudo que vem causando polêmica em todo o mundo [1] ao sugerir a possibilidade dos adoçantes artificiais de induzir à intolerância à glicose e mesmo ao diabetes e à obesidade.
Em resumo, os seguintes tópicos reproduzem as conclusões do estudo:
1 - O estudo foi conduzido em ratos e em 7 humanos saudáveis e não usuários de adoçantes artificiais, dos quais apenas 4 apresentaram um quadro significativo de intolerância à glicose quando expostos a doses usuais de sacarina durante uma semana.
2 - Em ratos, o uso de sacarina, sucralose e aspartame promoveu um aumento do risco de intolerância à glicose.
3 - Os mecanismos desse efeito colateral dos adoçantes artificiais ainda não está bem esclarecido, mas parece estar relacionado com alterações na microbiota dos indivíduos expostos a adoçantes.
4 - Paralelamente, os pesquisadores analisaram 400 indivíduos e descobriram que as bactérias intestinais dos usuários de adoçantes eram bastante distintas daquelas encontradas em não-usuários.
Os autores salientaram, entretanto, que os resultados desse estudo são preliminares e que, por isso, as conclusões do estudo não devem ser encaradas como recomendações clínicas destinadas a inibir o uso de adoçantes artificiais.
Nessa mesma linha, os autores recomendam que as pessoas não devem encarar os achados do estudo como um conceito segundo o qual as bebidas açucaradas devam ser preferidas, em detrimento dos adoçantes artificiais.
Até que essa polêmica seja resolvida no futuro, não há no momento nenhuma recomendação no sentido de propor a suspensão do uso de adoçantes artificiais, uma vez que esses produtos são considerados seguros, conforme posicionamentos da Food and Drug Administration, da American Diabetes Association e da American Medical Association, entre outras.
Fonte: Suez J, Korem T, Zeevi D et al. Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature. Publicado online em 17 de Setembro de 2014. DOI: 10.1038/nature13793

Informações do Autor

Dr. Augusto Pimazoni-Netto
Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
E-mail: pimazoni@uol.com.br