Muitas pessoas que recebem o diagnóstico de
diabetes, seja o tipo 1 ou 2, se preocupam em como conviver melhor com essa
doença que é crônica, ou seja, requer cuidados para o resto da vida. No
entanto, adotar hábitos simples, e que são válidos para quem não é portador
dessa condição, já evitam diversas complicações. Veja a seguir os melhores
hábitos para evitar complicações comuns do diabetes:
1. Hipoglicemia
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A hipoglicemia é muito comum na vida de quem tem
diabetes. "Ela algo inerente ao tratamento de quem usa insulina ou mesmo
alguns remédios orais específicos", explica o endocrinologista Marcio
Krakauer, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e membro do Conselho
Consultivo da Associação Nacional de Assistência aos Diabéticos (ANAD).
No entanto, para evita-la é muito importante seguir
hábitos saudáveis e ter bastante controle sob o tratamento, monitorando
adequadamente a glicemia, alimentando-se de três em três horas e ajustando a
alimentação à atividade física. Mudar o medicamento por conta própria é um
hábito perigoso e que pode aumentar a chance de quedas glicêmicas ocorrerem.
E se você tem muitas crises de hipoglicemia, vale
moderar a quantidade de álcool que você ingere. "Nos pacientes diabéticos
que estão tomando medicamentos que aumentam a quantidade de insulina no sangue
ou mesmo naqueles que aplicam insulina, ao beber álcool, o fígado fica muito
ocupado desativando o álcool ingerido, e dessa forma não consegue regular a
quantidade de açúcar no sangue de forma correta", explica a
endocrinologista Andressa Heimbecher, médica colaboradora do Grupo de Obesidade
e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Isso leva a um agravamento das crises de
baixa de glicose.
2. Ganho de peso
Muitos diabéticos estão mais propensos ao ganho de
peso. "Isso ocorre devido ao tratamento, tanto a insulina quanto alguns
outros medicamentos usados para regular a glicose", explica Krakauer. No
entanto, o especialista ressalta que pessoas com diabetes tendem a estar mesmo
acima do peso (é o caso de 80% dos diabéticos tipo 2), e o único jeito de
evitar os quilos a mais é seguindo uma dieta equilibrada. Consumir carboidratos
com baixo índice glicêmico, como os integrais, e fazer refeições com baixas
calorias são a melhor opção, além de fazer atividade física adequada e com
supervisão do seu endocrinologista.
3. Excesso de fome
A glicose está altamente relacionada à fome, e como
a diabetes desequilibra suas quantidades no organismo, é muito comum o diabético
sentir mais fome do que o normal, principalmente a vontade por doces.
"Isso ocorre quando há um descontrole do quadro: quando a quantidade de
açúcar no sangue sobe, ele costuma ocupar as células responsáveis por causar
mais fome e não as que desestimulam o apetite", considera Krakauer.
O ideal nesse cenário é fazer o possível para
controlar os níveis de glicose no sangue, com o monitoramento da glicemia, uma
alimentação equilibrada e com grande quantidade de fibras e atividade física.
Além disso, é muito importante comer de três em
três horas. "Ficar muito tempo sem se alimentar pode dar uma vontade
exagerada de comer doces ou algum alimento que sacie a fome mais
rapidamente", lembra a endocrinologista Lilian Kanda Morimitsu, do
Hospital Santa Cruz.
4. Fadiga e sono
O diabetes mal controlado pode causar fadiga.
"Existe a deficiência relativa ou absoluta de insulina, então o
metabolismo de nutrição não é feito de maneira adequada. Assim, há perda de
liquido e desidratação", explica o endocrinologista César Hayashida, do
Hospital Santa Cruz. Esse desarranjo é o grande responsável pela fadiga em
portadores do distúrbio.
Para Krakauer, outro fator importante é que as
pessoas hoje levam uma vida muito agitada, o que piora o estresse e o cansaço.
De acordo com o especialista, hábitos de higiene do sono são essenciais para
evitar esse tipo de problema, não só em quem tem diabetes, como para qualquer
pessoa.
5. Problemas circulatórios
As altas taxas de glicose no sangue trazem diversos
danos aos vasos sanguíneos, já que esse fator faz com que as paredes do vaso
sofram mais com os processos de oxidação, o que faz com que as gorduras se
acumulem mais nesses locais, trazendo problemas como hipertensão.
Normalmente esses problemas são decorrentes do mau
controle ou de complicações do diabetes. "Além da prevenção comum, que
envolve o controle das taxas de glicemia e da alimentação, é muito importante
reduzir o excesso de peso, evitar o cigarro e beber menos álcool, para evitar
esse tipo de complicação", explica Krakauer.
Reduzir o sal também é importante, já que ele
também está ligado à hipertensão arterial, devido à retenção de líquidos. Por
isso, maneirar no sal como tempero, em alimentos industrializados, enlatados,
molhos e temperos prontos, queijos salgados (como gorgonzola, muçarela e
parmesão), molho de soja, mel, doces no geral, carboidratos simples, alimentos
de alto índice glicêmico e gorduras saturadas são os primeiros passos para
manter a hipertensão e o diabetes.
Além disso, evitar esses problemas circulatórios é
muito importante para os homens, já que eles podem propiciar a disfunção
erétil, que é um processo que depende principalmente da vascularização, já que
na ereção é preciso que mais sangue preencha os chamados corpos cavernosos.
Portanto, é mais comum que homens com diabetes, principalmente descontrolado,
tenham problemas de ereção.
6. Problemas com a pele
Quando a pessoa que tem diabetes tem uma
complicação chamada neuropatia diabética, que afeta os nervos de diversas
partes do corpo. "Se afetar os nervos do sistema nervoso autonômico - que
controlam a produção de suor e de sebo - a pele vai progressivamente ficando
mais seca", diz a endocrinologista Andressa. Com isso, ocorre uma ruptura
da linearidade das células da pele e as rachaduras podem ocorrer. Por isso, é
fundamental que o diabético hidrate bem sua pele, principalmente nos membros
inferiores, mais propensos a este problema no sistema nervoso.
A cicatrização também é mais difícil nos
diabéticos. "É comprovado que a pele do diabético tem uma cicatrização
pior, demorando mais para o fechamento de feridas e também é mais suscetível a
infecções", considera a dermatologista Denise Steiner, membro da Sociedade
Brasileira de Dermatologia (SBD). No entanto, não é indicado o uso de pomadas,
a não ser que ela seja prescrita por um especialista. As pomadas com cortisona,
por exemplo, podem prejudicar o diabético.
7. Doença periodontal
A saúde bucal do diabético também merece atenção
especial. Antes da doença ser diagnosticada, por exemplo, um odontologista
experiente pode percebê-la. "O hálito cetônico (semelhante ao cheiro de
maçã velha) é característico no diabético e a doença periodontal costuma estar
presente. Esses sinais podem aparecer antes de outros sintomas, por isso, uma
consulta de rotina e uma boa anamnese podem levar o dentista a encaminhar o
paciente ao médico e assim chegar ao diagnóstico precoce da diabetes",
considera a odontologista Eliana Avelãs.
De acordo com o endocrinologista Krakauer, isso
ocorre devido ao excesso de glicose, que propicia o aparecimento de bactérias e
que formam a placa bacteriana, principalmente responsável pela gengivite e
periodontite. A melhor forma de evitar isso, além de controlar bem o diabetes,
é cuidando da higiene bucal, com escovação de duas a três vezes ao dia, fio
dental diariamente e bochechos sem álcool.
8. Problemas oculares
Os olhos do diabético também estão em perigo. Isso
ocorre porque os danos que a glicose causa nos vasos sanguíneos também pode
afetar a circulação nos olhos, o que causa a retinopatia diabética. "O
mais importante para prevenir esse problema também é o controle das taxas de
glicemia. No entanto, quem tem diabetes precisa ir frequentemente ao
oftalmologista, para fazer prevenção com exames. Parar de fumar e evitar beber
muito também é uma atitude importante", ressaltar Krakauer.
9. Infecções em geral
Pessoas com diabetes e sem controle da doença
também tendem a ter mais infecções, já que a doença pode afetar o sistema
imunológico, tornando-o mais deficiente. Por isso, a vacinação é ainda mais
importante para quem tem essa doença crônica. "Vacina como a da gripe,
pneumonia, entre outras, devem ser tomadas em todas as campanhas, e estão
disponíveis na rede pública para quem tem diabetes", reforça Márcio
Krakauer.
Outro ponto importante é cuidar da pele, para
evitar a criação de novas portas de entrada para bactérias no corpo: as
feridas. É importante cuidar principalmente da pele dos pés, que são muito mais
propensos a machucados que demoram a cicatrizar.
10. Pé diabético
Como já foi reforçado, o pé do diabético é muito
mais sensível a feridas e machucados. Inclusive, o diabetes costuma ser uma das
maiores causas de amputação dos pés, ganhando até mesmo de acidentes
automobilísticos, de acordo com Krakauer.
Para o especialista, o mais importante é cuidar
melhor da saúde dos pés. "Evite machucados, vá à podóloga a cada dois a
três meses, prefira sapatos adequados e meias de algodão e sem costuras",
resume o especialista. O corte das unhas também é importante, pois deve ser feito
de modo que evite machucados.
Andressa tem uma boa dica: "Tenha no banheiro
um pequeno espelho, que possa ser usado para ver a sola dos pés e entre os
dedos, todos os dias após o banho. Caso apareçam micoses ou pequenas lesões, o
médico precisará ser avisado", alerta a endocrinologista.
Fonte: Minha Vida
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