Um pâncreas artificial que permite a quem sofre de diabetes levar uma ‘vida normal’ poder estar disponível dentro de dois anos.
Cientistas desenvolveram um dispositivo do tamanho de um smartphone que monitora os níveis de açúcar no sangue dos pacientes e automaticamente injeta quantidades adequadas de insulina.
O produto revolucionário fica preso às roupas do usuário, à partir do qual ele monitora os níveis de glicose e fornece insulina quando necessário através de uma cânula sob um adesivo grudado na pele.
Poder ser uma tábua de salvação para cerca de 350.000 britânicos que sofrem de diabetes tipo 1 – uma condição ao longo da vida, onde o pâncreas pára de produzir insulina.
Atualmente, os doentes devem injetar-se com insulina até cinco vezes por dia para evitar problemas de saúde graves.
Mas a quantidade necessária se altera todos os dias dependendo de seus níveis de dieta e atividade, o que significa que a pessoa com diabetes deve monitorar o açúcar no sangue com testes de picada no dedo a cada poucas horas.
O dispositivo também poderia beneficiar dezenas de milhares de pessoas que sofrem de diabetes tipo 2 não controlada.
Cerca de 3,1 milhões de pacientes estão diagnosticados com diabetes tipo 2, que está ligada à obesidade, dentre os quais 14 por cento têm uma forma grave que necessita de injeções de insulina.
Por causa do aumento dos níveis de obesidade, estima-se que um total de cinco milhões de britânicos terão diabetes em 2025 – a maioria com tipo 2.
Cientistas da Universidade de Cambridge que trabalham no pâncreas artificial tentam encontrar uma maneira de combinar dois dispositivos existentes – bombas que entregam insulina e monitores contínuos de glicose (CGM)- em um “pâncreas artificial” automático num sistema de circuito fechado.
Em pesquisa publicada na revista Diabetologia, o Dr. Roman Hovorka e Dr Hood Thabit disse: “O diabetes tipo 1 carrega um fardo significativo psicossocial e impacta negativamente a qualidade de vida”.
“Durante o período de estudos, os usuários se sentiram otimistas em relação ao uso do pâncreas artificial, pois tiveram mais ‘tempo livre’ ou um ‘feriado’ de suas gestões da diabetes, uma vez que o sistema gerenciou eficazmente os seus níveis de açúcar no sangue sem a necessidade de monitoramento constante”.
Os pesquisadores compararam os resultados de vários estudos que analisavam como os adultos e as crianças se sentiram ao utilizar os dispositivos, tanto em ‘campos de testes’, nos quais eles eram cuidadosamente monitorados, quanto nos ambientes normais de suas casas.
Eles descobriram que os dispositivos não eram apenas bem sucedidos na gestão do diabetes, mas também reduziu a quantidade de tempo gasto para corrigir níveis muito altos ou muito baixos de açúcar no sangue, em comparação com a técnica habitual de auto-gestão.
Neste estudo que foi o mais longo realizado até hoje, os pacientes usaram o dispositivo de circuito fechado dia e noite em casa por três meses. Ao utilizá-lo, houve uma melhora de 11% na quantidade de tempo que os seus níveis sanguíneos estiveram na meta estipulada.
Dr. Hovorka disse que os dispositivos estarão prontos para serem colocados à disposição do público, tão logo sejam aprovados pelos órgãos reguladores, oque deve acontecer em 2017 nos EUA e ao final de 2018 no Reino Unido e na Europa.
Ele disse: ‘Algumas empresas (fabricantes da tecnologia) estão apenas iniciando os testes para passar pelas aprovações regulatórias.
Os cientistas também continuam a desenvolver o produto – incluindo os aspectos de cibersegurança para impedir a ação de hackers.
Dr. Hovorka acrescentou: “Isto é uma evolução de tecnologias, havendo pesquisas contínuas em ambas as partes, como no monitoramento da glicose, na entrega da insulina, bem como na produção uma nova insulina (sintético), que pode atuar mais rápido ainda.
“Cada um desses componentes em desenvolvimento paralelo irá ajudar este sistema a ficar mais fácil e confiável de usar”.
O dispositivo poderia, eventualmente, substituir a necessidade em alguns pacientes diabéticos de fazer transplantes de pâncreas, o que significa que pode evitar operações de grande porte e drogas para suprimir a ação de seu sistema imunológico para o resto de suas vidas.
Dr Elizabeth Robertson, diretora de pesquisas da Diabetes UK, disse que este desenvolvimento pode representar uma mudança de vida para as pessoas que sofrem de diabetes.
Ela acrescentou: “O pâncreas artificial tem o potencial de transformar vidas, especialmente daquelas pessoas que têm dificuldade em manter um bom controle de seus níveis de glicose no sangue”.
“Estamos muito satisfeitos por ver esta área de pesquisas se movendo em um ritmo bem rápido, mas ainda há obstáculos a serem superados para tornar esta tecnologia mais eficaz e o mais confiável possível”.
“Diabetes UK tem oferecido apoio de longa data nesta pesquisa do professor Hovorka para o desenvolvimento da tecnologia do pâncreas artificial, e é emocionante ver que esses investimentos vão fazer uma diferença real para a vida das pessoas com diabetes tipo 1”.
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