segunda-feira, 5 de julho de 2010

Existe tratamento com células-tronco para o Diabetes Melitus tipo 1?

As pesquisas afirmam que sim. O potencial regenerativo do pâncreas foi demonstrado em diversos estudos, que visam identificar quais células podem ser as precursoras de células pancreáticas adultas.

O tratamento convencional do DM-1 com insulina não é 100% seguro para evitar as complicações crônicas da doença, e o controle rigoroso e repetido da glicemia ao longo do dia é difícil de ser realizado. Por isso, novas abordagens terapêuticas para o DM-1, como o emprego de células-tronco (CT) para a regeneração das células beta do pâncreas, têm sido estudadas.

No DM-1 as células beta das ilhotas de Langerhans do pâncreas são destruídas por linfócitos T autorreativos, causando deficiência na produção de insulina. Esta resposta autoimune pode começar anos antes do diagnóstico clínico da doença.

O emprego de terapia com CT nas doenças autoimunes é de certa forma diferente se comparado às doenças degenerativas. Por exemplo, em casos de infarto agudo do miocárdio, o uso de CT parece óbvio para regenerar o tecido necrosado. Já no Diabetes Melitus tipo 1 (DM-1), o processo regenerativo das células beta através de CT deve ser associado como uma estratégia segura de imunomodulação para bloquear a autoimunidade contra as novas células beta (formadas a partir das CT transplantadas).

Há uma variedade de tecidos que podem ser fontes de CT. O pâncreas é a primeira fonte tecidual quando se pensa em regeneração de células beta. Diversos estudos científicos sugerem a existência de CT neste órgão. O que não se sabe com exatidão é se as células precursoras do tecido do pâncreas são as células primárias (da embriogênese), ou se células de outras fontes podem se diferenciar para o órgão em questão.

A medula óssea é uma provável fonte importante de células beta e, entre estas células, as do mesênquima (tecido conjuntivo do embrião) são as que apresentam maior impacto neste sentido. Estudos que realizaram a diferenciação in vitro de CT da medula óssea em células beta observaram diminuição dos níveis de glicemia quando transplantadas em roedores diabéticos. Outros autores mostraram que as CT do mesênquima além de promoverem a regeneração das células beta em ratos diabéticos, também inibiram a resposta imune mediada pelas células-T contra as novas células.

Um cenário menos promissor tem sido visto em estudos com CT hematopoiéticas (que dão origem a diversos tipos de células do sangue). Como as CT hematopoiéticas da medula óssea foram capazes de se diferenciar em hepatócitos e regenerar o fígado em modelos animais, as atenções se voltaram para avaliar sua possível ação quanto a regeneração das células beta. Entretanto as pesquisas nesta área ainda não demonstraram resultados satisfatórios.

O sangue do cordão umbilical é uma fonte importante de CT com potencial para regular as células-T e promover a regeneração in vivo das células beta, por isso merecem atenção quanto aos seus efeitos imunomodulatórios em doenças autoimunes. Estudos com animais que receberam transfusões das células sanguíneas de cordão umbilical mostraram que houve aumento de sobrevida de ratos com DM-1 e 2 e melhora da função renal.

Sugestão:
Dra Daniela Cravari
Nutricionista CRN 25813

Referência (s)

Couri CEB, Volaterlli JC. Potencial role of stem cell therapy in type 1 diabetes mellitus. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(2):407-15. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302008000200029&lng=en&nrm=iso&tlng=en. Acessado em: 20/06/2010.

Voltarelli JC. Transplante de células-tronco hematopoéticas no diabete melito do tipo I. Rev Bras Hematol Hemoter. 2004;26(1):43-5. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842004000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acessado em: 14/06/2010.

Fonte: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&categoria=7&id=575

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