Soa o telefone. E o paciente entra para a história
Faculdade de Medicina do câmpus de Botucatu realiza transplante pioneiro de pâncreas e rim
Por volta das 22 horas do dia 1o de outubro último, o telefone soou na residência do advogado Sérgio Botti, 41 anos. Começava, naquele instante, o fim de um longo sofrimento. Morador de Itapetininga, a 136 quilômetros de São Paulo, Botti é diabético desde criança e, em razão disso, acabou por desenvolver insuficiência renal crônica. Diariamente, ele submetia-se a diálises peritoniais, tomava injeções de insulina e urinava por meio de tubos ligados ao seu abdômen.
O telefonema daquele 1o de outubro partiu do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UNESP, câmpus de Botucatu (FM), e informava que a espera por um doador de pâncreas e rim havia terminado. Começava, assim, a primeira cirurgia de transplante integrado de pâncreas e rim da história do Interior do Estado de São Paulo.
MORTE CEREBRAL
O Departamento de Cirurgia e Ortopedia da FM recebeu a notificação da Central de Transplantes de Ribeirão Preto. O doador, um bombeiro residente em Marília, acabara de ser vítima de um trauma e recebera diagnóstico de morte cerebral. Imediatamente, uma equipe do HC, coordenada por Alexandre Bakonyi, especialista em transplantes de órgãos e docente da Universidade, rumou para a cidade e, numa cirurgia que durou toda a madrugada, retirou o pâncreas e o rim do doador. No dia seguinte, de volta a Botucatu, já com os exames preliminares feitos no paciente, Bakonyi e equipe deram início ao transplante. Cerca de oito horas depois, Sérgio Botti entrava para a história da Medicina do Interior de São Paulo como o primeiro paciente a receber, ao mesmo tempo, pâncreas e rim.
"O paciente foi bem até o nono dia do pós-operatório", diz Bakonyi. "Mas sobreveio uma trombose e tivemos que remover o enxerto pancreático. Ele permanece com o rim transplantado e está fora de perigo, aguardando novo doador de pâncreas." De acordo com o cirurgião, esse tipo de complicação é previsível nesta modalidade de transplante. "A incidência de trombose, após transplantes pancreáticos, chega a 7% nas estatísticas mundiais, e mais de 90% dos pacientes apresentam episódios de rejeição nos primeiros três meses", complementa.
De qualquer forma, o transplante é, na opinião de Bakonyi, uma importante conquista não só da UNESP, mas de toda a população, principalmente do Interior, que sofre com a enorme espera de doadores. "É grande a demanda de pacientes diabéticos renais crônicos na região, e a espera por um órgão pode levar até três anos."
http://www.unesp.br/aci/jornal/161/medmetinfleit.htm
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