Meu Filho tem Diabetes. E Agora?
A adaptação à nova situação em geral leva algum tempo, mas se todos os membros da família participarem do processo de conhecimento dos cuidado s e dividirem as responsabilidades, esta fase poderá ser mais rápida e menos traumática. Surge na família a necessidade de um estilo de vida mais disciplinado, com horários mais rígidos.
Para aqueles que nunca conviveram com uma pessoa com diabetes, a primeira dica é: procurar conhecer bastante a doença, seus sinais, sintomas e como cuidar para evitar as complicações. Não se desesperar, e saber que apesar de ainda não possuir cura, é possível conviver bem com o diabetes. Existem inúmeros exemplos de pessoas que alcançaram mais de 50 anos de doença sem complicação.
Pacientes de todas as idades podem participar de atividades sociais, como festas. A alimentação do diabético em nada difere do que deve ser uma alimentação equilibrada e saudável.
O Tratamento
O tratamento do diabetes depende do controle de diversos fatores e deve ser feito sempre com o acompanhamento de um endocrinologista. O paciente vai necessitar de glicemias capilares freqüentes e ajuste da sua insulina. Para a Dra. Vivian Ellinger, presidente do Departamento de Diabetes é importante que não haja por parte da família uma discriminação ao filho.
Uma mensagem importante para os pais é que não se sintam culpados pelo filho estar com diabetes. Segundo ela, por se sentirem culpados, às vezes, os pais acabam tendo uma atitude permissiva, de forma a não controlar muito o seu filho e olhando para ele como um “coitadinho”. Atitudes assim prejudicam o tratamento e a aceitação da doença. A Dra. Vivian lembra ainda que outros sentimentos como negação da doença, raiva, depressão, medo e ansiedade, são muito comuns.
Existem diversas associações de pacientes com diabetes que auxiliam no tratamento e bem-estar de cada um, promovendo encontros, palestras e outros eventos. Desta forma, os jovens com diabetes se encontram, trocam experiências e aprendem cada vez mais sobre a sua doença e como levar uma vida controlada e agradável.
Relatos de Pais
Quando Márcio Côrtes descobriu que seu filho (Márcio Côrtes Filho) tinha diabetes, aos 19 anos, ele passou a orientá-lo de acordo com as recomendações da Dra. Luciana Bahia, que o acompanha até hoje e os tranqüilizou ao informar sobre as facilidades do tratamento hoje em dia .
“Para a família, apesar do choque inicial, a adaptação foi mais fácil, mas no início ele estava bem revoltado principalmente pelas limitações de comida e bebida. Hoje, com 23 anos, ele já conhece o próprio organismo e se acostumou a se cuidar melhor e controlar o diabetes. A revolta dele era tão grande que ele passou por um período de muita agressividade, principalmente com a mãe e a irmã. Certo dia, ele chegou na minha casa com uma seringa (de insulina) na mão. Na oportunidade, deu-me a impressão de que o objetivo dele era chocar a mim e as pessoas na rua, achando que provavelmente com esse procedimento estaria minimizando os seus problemas”, relatou o pai.
Segundo o pai, desde criança eles percebiam que seu filho tinha uma cicatrização difícil, mas nenhum exame anterior havia diagnosticado o diabetes. Atualmente, o filho se exercita em academia e anda longos percursos de bicicleta. Com o auxílio das informações adquiridas pela internet e no consultório da Dra. Luciana, ele mantém controle da disfunção. Que o pai saiba, nunca teve quadros extremos de hipo ou hiperglicemia. O pai acredita, ainda, que o fato de seu filho ter se apaixonado ajudou muito para que ele percebesse que valeria a pena se cuidar. “Ele é um cara meio estourado, mas o apoio da namorada foi fundamental para que ele se aceitasse e se valorizasse mais”, completou.
O caso da senhora Hermina Hever, de 80 anos - cujas filhas MARSHA (56) e Marilyn (50) têm diabetes - foi um pouco diferente. Sua filha mais velha tinha entre 20 e 25 anos quando teve uns sintomas e precisou ir ao hospital. Com o resultado de alguns exames descobriu a disfunção, o que foi uma surpresa. Para ela, a grande mudança no estilo de vida foi a responsabilidade de ter que testar a glicemia de duas a três vezes por dia e saber as doses certas de insulina. “Foi muito difícil também acostumar com o que comer e o que não comer. Na maioria das vezes tem que se comer coisas sem açúcar e também comer no horário. Tudo isso foi muito difícil pelo primeiro ano”, analisou.
Para Marilyn foi mais aceitável, uma vez que a irmã mais velha dela já tinha há mais de 20 anos. Ela descobriu quando foi fazer uns exames para um emprego novo, aos 45 anos. A família acredita que o diabetes seja uma condição possível até para outros membros uma vez que foi descoberto nas duas irmãs. Sabem que a possibilidade de ser hereditário é grande e por isso mantém um costume de realizar os exames periodicamente.
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