Fonte: Transplant de Pâncreas
Autor: Ana Guenês
Descobri que era diabética aos 11 anos. Lembro-me que começei a sentir muita sede, urinar bastante, sentir muito cansaço e a perder peso muito rápidamente. Minha mãe, desconfiada, me levou ao médico, que logo solicitou exames. O resultado...?? Diabetes Mellitus. Taxa de glicose em jejum 535 mg/dl e HbA1c 16,8. Fiquei internada e desde então comecei a tomar as injeções de insulina.
No começo o tratamento era feito com NPH + Glifage + dextros + dieta + exercícios físicos. Apesar dos cuidados, tinha muitas hipoglicemias causadas pelos picos de insulina NPH e em seguida ocorriam hiperglicemias por causa da quantidade de carboidratos que ingeria para subir o nível de açúcar no sangue.
Não costumava falar muito sobre minha doença, apenas quando me perguntavam. "Quando as pessoas ficam sabendo que você é diabética, automaticamente querem controlar sua alimentação e sempre comentam das complicações que a doença causa".
Na adolescência foi mais difícil ainda. Não queria fazer exames, ir ao endocrinologista, participar dos grupos de diabéticos juvenil e o pior, comecei a comer doces escondida.
Porém, aos 18 anos, mais consciente, comecei o tratamento com as insulinas lantus ehumolog e aprendi a contagem de carboidratos.
Infelizmente, voltei a relaxar na dieta e passei a comer de tudo novamente. Após os exageros, tomava insulina humalog suficiente apenas para "cobrir os carboidratos".
Mas, foi aos 20 anos a pior fase do meu diabetes. Vivia descompensada e meus pés e pernas inchavam bastante. Foi, então, que desenvolvi um distúrbio alimentar chamadoDiabulimia, passando dias sem a medicação e, quando tomava, aplicava sempre uma dose menor do que a necessária.
-Perdi peso e o resto da minha saúde...
Resolvi, então, retomar o acompanhamento com um endocrinologista e fiz, também, tratamento psicológico que ajudaram a voltar para a minha rotina.
A doença é cruel e descobri que alguns danos já estavam instalados. Estava com inicio de catarata e neuropatia!
Estava agora com 23 anos e passei a usar bomba de insulina para tentar melhorar o convívio com o diabetes.
Um novo problema surgiu: - comecei a ter problemas com hipoglicemias assintomáticas, ou seja, não sentia mais os sintomas de alerta.
Devido a um coma hipoglicêmico (minha glicemia ficou abaixo dos 30mg/dl), fui parar no Pronto Socorro e foi então que meu endócrino orientou-me a buscar uma equipe de Transplante de Pâncreas.
Pesquisei bastante e decidi pela equipe do Dr. Marcelo Perosa.
Na primeira consulta apresentei o encaminhamento do endócrino e tirei com ele todas as minhas dúvidas sobre o Transplante de Pâncreas Isolado. Decidi ali mesmo que iria fazê-lo.
Realizei todos os exames necessários e logo estava ativa na fila de espera. Após dois meses na fila, no dia 09/08/12, recebi uma ligação da equipe com a notícia de que havia um órgão pra mim! Transbordei de alegria! Despedi-me de todos na empresa e fui pra casa me preparar. Parecia que estava indo para uma festa...
A cirurgia foi realizada na madrugada do dia 10/08/12. Fiquei mais dois dias na UTI e com mais oito dias no apartamento tive alta hospitalar. No dia 19/08/12 eu já estava em casa!
A recuperação tem sido surpreendente, graças a Deus!!!
Agora, aos 24 anos, sou uma ex-diabética!
Quero agradecer primeiramente a Deus, depois à minha mãe - que sempre esteve comigo, aos familiares do meu doador, à minha família, aos amigos - em especial à minha amiga Regina que tem me acompanhado desde o começo deste processo, ao Dr. Marcelo Perosa e toda sua equipe - pessoas abençoadas que me proporcionaram uma nova vida e parabéns pelo empenho na busca da cura do diabetes!
Ana Guenês
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